O Carroceiro
Todo noite,por volta das três e meia, um carroceiro passa na solitária rua da casa onde resido. Traz consigo seu passo apressado, mas ao mesmo tempo um passo vagaroso, com certa preguiça de ir trabalhar. O barulho das rodas do carrinho batendo no paralelepípedo (sim, paralelepípedo) indica que este está vazio. Terá um dia para tentar enchê-lo com latinhas, muito provavelmente, para sustentar a família. Um chapéu faz parte do figurino, porém, usa-o para não queimar do sol que tem de enfrentar a maioria dos dias.
Com certeza ele trabalha mais que oito horas por dia, deve chegar umas sete horas em casa, ainda ver alguma novela da Globo e dormir. Ele não está preocupado com alguma crise mundial, novo presidente americano, aquecimento global. Mas, certamente irá comentar como o preço do feijão aumentou e como os dias passaram a ficar extremamente quentes ou até mesmo, um certo presidente que levou uma sapatada. A única preocupação que possuí deve ser sua família e/ou colocar comida na mesa. Esta até parece uma história recontada, coincidentemente ou não, muitos devem ter essas preocupações. Se tantos falam nisso.
Enquanto escrevo essas linhas, ainda lembro-me do barulho das rodas atendo no paralelepípedo. E que chapeuzinho feio.
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