domingo, 14 de junho de 2009

O discreto charme da Camorra

Filme de máfia é um gênero de filme que atrai muitas pessoas. Muitos gostam de ver o charme da máfia, as conversas, decorar falas famosas de filmes, como o “Poderoso Chefão”. Quem não conhece a frase “Eu lhe farei uma oferta que ele não poderá recusar”, proferida por Don Corleone? Provavelmente a máfia italiana é a mais retratada na sétima arte. A máfia ficou romantizada pelos filmes. O sotaque italiano então, nem se fala...

Porém, a máfia continua sendo atuante na sociedade italiana. Não é apenas nos filmes. Não é algo do passado; é muito atual. Em Nápoles, a convivência com a Máfia é diária,  pois há dezenas de mortes resultantes de conflitos entre clãs napolitanos. O governo italiano parece ignorar que isso aconteça, e somente quando muito agravante acontece que o governo resolve fazer uma operação para mostrar para a imprensa mundial. A máfia chega a ser algo normal, principalmente na política. O ex-primeiro-ministro Giulio Andreotti foi preso sob acusação de matar um jornalista e de ter relações com a máfia.

Giulio Andreotti é o "senhor" do vídeo

Alguns filmes como “Os Bons Companheiros”, e, até mesmo o “Poderoso Chefão”, mostram como a Máfia agia em relação ao tráfico de drogas. Nos filmes, a Máfia tenta não entrar no ramo das drogas, e, quando entram, sempre algo dá errado. Hoje o tráfico de drogas em Nápoles parece algo que caracteriza a Máfia. Uma das passagens do livro Gomorra, de Roberto Saviano, retrata testes que eram feitos em viciados para ver o resultado de misturas de drogas. Estas misturas eram feitas para acabar com a concorrência. Viciados encontravam a heroína mais barata da Europa e corriam o grande risco de morrer. Se um desses viciados morresse, era apenas mais um. Se o viciado ficasse bom e o efeito da droga surtisse, a mistura era vendida.

O principal ramo de comércio da famosa máfia Italiana, a Camorra, é o tráfico de drogas. As pessoas que vivem nesse meio e que não pertencem à Máfia recebem algum dinheiro para esconder a mercadoria. De certa forma, a máfia é um ganha-pão para essas pessoas. Mas a máfia não se concentra somente na venda ilegal de drogas, pois a cobrança por proteção é real. O senhor “Genaro” da mercearia paga por proteção para a máfia.

Recentemente, houve a crise do lixo em Nápoles. Toneladas de lixo foram queimadas e jogadas nas ruas. Mais um sinal de ação da Máfia. O “lance” do lixo é muito lucrativo. Uma empresa que mexe com lixo radioativo, por exemplo, não tem onde jogar esse lixo. Deve que tratar o lixo, e isso tudo acaba saindo caro. Por[em, a Máfia napolitana cobra barato e recolhe este lixo e joga em qualquer lugar em Nápoles. Ou seja, boa parte do lixo do mundo vai parar lá. Os depósitos ficaram superlotados e os habitantes resolverem atear fogo no lixo.

Quando olhamos para uma notícia, uma chacina, achamos que máfia é coisa do passado. Pois bem, ela continua atuante no sul da Itália e lucrando...

Para saber mais:

Podcast - Nerdcast 157 - Mafia, Omertà e Vendetta!

Livro - Gomorra

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

“E daí?”

tonemai Arnaldo sempre foi o cara antipático da turma. Era assim, não por causa dessas reportagens que passam no Fantástico sobre como tal pessoa é excluída do convívio social, ele era assim porque gostava de ser daquele jeito.

Ele não entendia por quê ninguém conseguia compreender sua intenção de ficar quieto no seu canto. Qual o problema do menino não conversar com pessoa alguma?

A mãe já achava que era algum fator de stress que o menino estava passando. Levou ele ao psicólogo, psiquiatra, tentou mudar a marca do leite e trocar o tecido das roupas que o filho usava. Nada, o menino sempre naquela quietude. Ele não se sentia reprimido, coisa e tal. Achava interessante o comportamento daquelas pessoas que não paravam de preocupar com sua pessoa.

O pai, rapaz ideológico, já proferia que o convívio e o relacionamento com pessoas fazem parte da característica de sobrevivência humana. Citava “Do Contrato Social” de Jean-Jacques Rousseau. O menino apenas olhava e continuava a tomar seu café.

Essa história não tem um final feliz, Arnaldo não conseguiu superar esse trauma, que para ele não existia, nem se tornar um homem de sucesso, com uma brilhante carreira no futuro. Ele continuou com seu jeito calado de sempre, não ligava muito para convenções sociais.

No fundo, é uma coisa que todo mundo queria ter, o desprendimento social. Sabe aquela hora que alguém vai falar com você, e não é uma boa hora, então sempre temos que dar atenção? Para Arnaldo era diferente, ele apenas abaixava a cabeça e morria de rir por dentro.

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PS: queria colocar o título do post de “Fuck You!”, mas, infelizmente, não tenho esse desprendimento social.

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